quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Ler sobre a leitura.

Se o assunto é leitura, é preciso ler a respeito a fim de entendê-lo melhor. Em minha opinião, um bom início é o da história. História da leitura: resgatar sentidos para produzir novos sentidos. Assim, são excelentes itinerários de leitura, os seguintes:

http://www.scielo.br/pdf/ea/v5n11/v5n11a10.pdf

http://www.unicamp.br/iel/memoria/projetos/tese8.html

O primeiro link nos levará a um texto de Roger Chartier no qual o autor discute um pouco da história da leitura. Na página 177, encontramos uma interessante discussão a respeito da construção do sentido e que vale muito, além de outras páginas, ler com cuidado e atenção.

O segundo link apresenta-nos a tese de doutoramento de Miriam Zapone, do qual será necessário fazer download, sobre as práticas de leitura na escola que é, em seu capítulo 2 (Abordagens da Leitura em Circulação no Brasil) elucidador para entendermos as práticas que realizamos em sala de aula, se somos professores, ou reconhecermos as práticas a que fomos submetidos, se alunos.

Boas leituras e reflexões para todos!

Marcilene Bueno

11 comentários:

  1. Com base na leitura de textos dos autores Roger Chartier e Miriam Zappone, comento:


    LEITURA

    A leitura é um processo dinâmico, que movimenta, modifica, marca e interfere nos momentos da história.
    Conceitos, interpretações e opiniões são formadas a partir da somatória: teorias, encontros, troca de experiências, visualização de imagens...
    A leitura é também um processo amplo que promove o desenvolvimento individual e coletivo. Porém, a capacidade de entendimento de sentido do texto pode ser limitada ou abrangente. O conhecimento de mundo bem como a leitura crítica dele é que despertam o leitor para possibilidades diversas de interpretações, por isso é que “o autor não controla os sentidos que a sua produção pode suscitar”. E é a partir deste conhecimento e leitura crítica de mundo, que o leitor pode reescrever a história da qual é personagem atuante dentro da sua realidade de vida. Pois, o leitor é produzido socialmente através do que o cerca, ou seja, do meio em que vive, das pessoas com as quais se relaciona, da escola, do trabalho, da comunidade onde está inserido, tudo contribui para a aquisição de conhecimento.
    Entretanto, a desigualdade social é um fator que limita o conhecimento para muitas pessoas que sequer são despertadas para a importância da leitura. Assim, torna-se grande a “distância entre os letrados de talento e os leitores menos hábeis, os quais não dispõem dos mesmos utensílios intelectuais e que não entretêm uma mesma relação com o escrito”.
    Sendo assim, cabe à escola, o papel de agente de transformação da sociedade, pois ela deve gerar leitores conscientes que contagiem o meio no qual estão inseridos, independente do nível social que pertençam. As lições iniciais da concepção e sentido de um texto precisam ser bem ensinadas, desenvolvidas e estimuladas pelos professores. Daí um grande desafio a ser superado: a falta de recursos destinados à educação, também o comprometimento de alunos e professores para com a superação das barreiras. Existem Programas de Incentivo à Leitura, mas ainda não são acessíveis a todos os estudantes e professores brasileiros, há ainda muito a ser feito no que diz respeito à leitura, à educação como um todo. Porém, sabe-se que mesmo em meio às dificuldades, os profissionais mais conscientes da importância da leitura têm investido no uso desta prática como ponto de partida, inclusive para o entendimento e assimilação dos conteúdos de disciplinas outras que não seja a Língua Portuguesa.
    Por isso nos tempos atuais, em que muito veloz é a informação, tornam-se imprescindíveis profissionais habilidosos, criativos, inovadores, que ultrapassem as dificuldades, que toquem na tecnologia como ferramenta indispensável de trabalho, fonte de leituras, pesquisas e conhecimento, acima de tudo necessária para promover as transformações políticas e sociais. Pois, conforme Magda Soares, ler é mais do que decifrar o código de uma língua (alfabetizar-se), é uma forma de inserção social.

    Irani Florêncio Balduino da Silva

    ResponderExcluir
  2. Os dois textos permeiam o estudo histórico literário, entretanto, não se referente ao estudo cronológico e sim, das influências que o contexto histórico interfere nos estudos literários. O artigo da revista discute isso de maneira mais ampla enquanto a tese defendida por Mirian Hisae Yaegashi Zappone refere-se a uma pesquisa feita a partir de analise do CONCURSO LEIA BRASIL. Os textos apresentados argumentam que o estudo literário não pode apenas ser textual, mas, também no leitor – no método de leitura, no grau de conhecimento – isso influencia muito e muda de tempos em tempos. No artigo foi citada a expressão: “crises sociais” e os dois textos demonstram que, esse termo (defendido por alguns historiadores) não refletia a realidade porque os estudos sociais não estavam passando por crise e sim, era evidente a necessidade de perceber as mudanças ocorridas no contexto social que reflete na literatura. Com isso, a percepção de que o autor não constrói o sentido do texto sozinho e sim, que depende de cada leitor – cada leitor constrói a sua leitura. E estudar a historia da literatura é importante para compreender as transições e as mudanças percebidas na construção do sentido literário atreladas ao contexto social vigente.
    Acredito que essa seja a grande dificuldade dos educadores: como trabalhar a leitura na sala de aula se a leitura deve ser trabalhada individualmente? É claro que um profissional criativo estabelece uma maneira, mas, de uma maneira geral, as salas de aulas numerosas dificultam trabalhar com um aluno de cada vez. A leitura sempre foi importante, mas creio que nos dias atuais, ela se tornou fundamental para formar cidadãos mais do que inteligentes e sim, proativos.
    Juliana Franco da Cunha

    ResponderExcluir
  3. Em relação à tese de Miriam Zapone, achei muito interessante a parte indicada para a leitura, pois sintetiza as ideias que temos discutido em sala; a leitura do texto, para mim, foi importante para "selar" os conhecimentos que "vagam" em nossa mente após toda aula. Além disso, consegui ter um panorama do viés tomado pelas teorias de leitura no Brasil. Embora eu me identifique mais com os estudos em análise do discursivo, é importante saber a respeito de como a leitura é vista por outras teorias, para "refinar" mais o nosso olhar enquanto professor e enquanto eternos alunos...
    Para o trabalho em sala de aula de uma classe do ensino fundamental, acredito que, primeiramente, o trabalho com a leitura a partir da abordagem interacionista seja mais adequada, até que o aluno torne-se autônomo para ver lógica nos sentidos que estão nele, no leitor, como defende a abordagem discursiva da leitura.
    Durante a leitura, fui refletindo, também, em como ainda é presente a leitura da linha estruturalista, ou seja, a leitura como descodificação, basta visitar algumas escolas e conversar minimamente com alguns professores.
    A linha diagnóstica, de Freire, também é apaixonante; nós professores sonhamos com um aluno que assuma uma posição crítica perante a sociedade e acreditamos que isso só é possível por meio da leitura, por isso, então, que devemos compreender que a linguagem é um ato social e que "cada um se insere em um momento sócio-histórico sendo, portanto, ideologicamente construído", conforme explica Zapone.
    Para finalizar esta reflexão, é importante reforçar a ideia de leitura sob o prisma da Análise do discurso, como elucida Zapone: "é um processo discursivo onde atuam dois sujeitos que, por sua vez produzem sentido, o leitor e o autor".
    Viviane Dinês de O. Ribeiro

    ResponderExcluir
  4. Professora Marcilene,
    Infelizmente, em casa, foi impossível acessar o trabalho da professora Zapone. Espero conseguir fazê-lo na faculdade, pois fiquei interessada na pesquisa e nas técnicas de leitura. Quanto ao artigo de Chartier, o processo de apreensão de sentidos do que se lê, realmente faz-se através do conhecimento de mundo que o possui o leitor, e de acordo, com o que se constrói ao longo do tempo, a leitura de um texto sofre interpretações. Observa-se que numa mesma classe, as leituras são variadas: há os que compreendem as inferências e os que com dificuldade conseguem interpretar o superficial. Muitos têm dificuldade de concentrar-se na leitura, outros de entender uma frase, quanto mais um parágrafo... Na leitura visual, as imagens, as cores, os gestos, os recursos gráficos, são elementos que chamam a atenção do aluno-leitor, porém nem sempre o humor ou a crítica é "decodificada". Um texto pode com a mesma temática, ser reproduzido através de diferentes estruturas, e o aluno tem muitas vezes dificuldade para perceber a diferença. Mas, o importante é que há alguns que, apesar de tudo,se esforçam e conseguem transpor as barreiras que permeiam a educaçâo em nosso país.
    Angelita

    ResponderExcluir
  5. Josinéia Comenta:Com a leitura, comparação e a reflexão sobre a tese defendida por Mirian Hisae Yaegashi Zappone e o artigo de artigo de Chartier vem de encontro com todo o conteúdo que estamos vendo no curso e de uma certa maneira "amarrou" todos os módulos que já estudamos deixando claro que nós, "professores", ao preparamos uma aula deveremos favorecer estratégias de leitura para que o aluno construa sentido a um texto.
    A leitura deverá ser vista como uma atividade essencialmente costrutiva, e que a compreensão se dá a partir da construção de sentidos.
    Construir sentidos é ir além do texto explícito e analisar as informãções implícitas e isso dependerá da interação de vários níveis de conhecimento do leitor com as informações fornecidas pelo texto. Neste sentido serei ousada de comparar os dois autores com dois grandes estudiosos da área da Psicopedagogia: Vigotsky e Paulo Freire.
    O leitor irá fazer inferencias dependende do meio em que vive (sócio-econômico). Como o artigo de Roger deixa claro que um mesmo texto pode ser compreendido de várias maneiras dependente das inferencias (conhecimentos prévio que incluem: conhecimento linguístico, textual e enciclopédio) (Remente a Vigotsky) e a tese defendida por Zappone nos mostra como a diferença social, econômica e regional influencia na compreensão de um texto. (Remete a Paulo Freire).

    ResponderExcluir
  6. A seqüência das leituras e reflexão recomendada nos remete não somente refletir sobre a prática do professor em sala de aula, mas a ação do professor como um agente de incentivo a leitura.
    Sendo a primeira leitura a de Chartier, o estudioso nos faz ver a leitura num parâmetro histórico; ele defende as diferentes maneiras de praticar a leitura, cujos modelos e modos variam de acordo com os tempos, os lugares e as comunidades, tomando assim uma noção de representação. No entanto, essas representações devem ser encaradas como construções culturais que estão sujeitas as modificações no tempo e no espaço. Como por exemplo atualmente vemos vários tipos de leitura , como a participação na produção cultural das camadas populares. Não como cultura diferente, mas como parte da cultura nas suas diferentes maneiras de usar a linguagem - os grafites espalhados pela cidade, pichações nas paredes dos banheiros públicos, escritas ‘proibidas nos cadernos escolares’ e outros, levando uma mensagem de irreverência ou não.
    A tese de doutorado de Miriam Zappone faz um fechamento de ideias depois de ler o primeiro texto, ao citar a voz de Freire em seu texto destaca obviamente o papel da escola e principalmente a do professor como agente de estimular o gosto da leitura. A leitura é uma atividade/habilidade que depende de muitos fatores como - sociais, históricos, econômicos e que essas praticas tem que ser ensejadas principalmente na escola, pois é o principal agente de letramento em nossa sociedade.
    Não é, pois, por acaso que as ideias freireanas se articulam com os interesses na formação do educador, pois, não se perde de vista o caráter histórico do homem associado sempre à prática social.
    Zappone cita tambem Silva , dizendo que a interpretação de textos deve proporcionar uma compreensão do contexto onde o leitor se situa, permitindo uma abertura para a discussão do que foi lido e não ser imposição de pontos de vista pré-determinados ou pelo professor ou pelo autor do livro didático.
    Nos permite a pensar em nossas ações atuais como professores ‘conscientizados’ a precisão de reformular as praticas de alfabetização , tendo a atividade de leitura como introdução de reflexões problemáticas e significativas e que os nossos alunos participem em grupos de discussões e debates que introduza conhecimento e faça do aluno um cidadão e não apenas um deposito de cultura.

    ResponderExcluir
  7. Percebe-se no texto de Chartier uma preocupacao metodologica na qual ele enfatiza o Mundo do Texto e o Mundo do leitor quando a intencao e a construcao do sentido. A discussao e tao ampla e nos convida a nao so refletir na construcao dos sentidos como um processo historico determinado, mas tambem tentar entender a relacao de dependencia dos sentidos dos textos a forma como ele e recebido pelo leitor, ou seja, sera que os sentidos estao nele, o leitor, e nao mais no texto?
    Ja no segundo texto percebemos a preocupacao de Zapone em buscar as abordagens de leitura no Brasil. Parece-me tardia a preocupacao academica com a leitura no pais, ja que ela nos informa que os estudos a respeito da leitura no Brasil datam da decada de 80 e, segundo ela, nao ha tantas variantes teoricas a respeito do ato de ler no pais e sim quatro linhas básicas a saber: linha diagnóstica, linha cognitivo-processual, linha discursiva e linha estruturalista.
    Ao longo da leitura pude, como professor de lingua materna, perceber o meu afastamento de algumas linhas teoricas (a estruturalista por exemplo) e a identificacao instantanea com outras como as abordagens discursiva e político-pedagógica porque como diz a autora “apontam para um fator preponderante para se pensar a leitura: a sua dimensão social” (p.94).
    Ao final tive uma sensacao que gostaria de compartilhar com voce, professora Marcilene e com meus amigos de curso. Os estudos de leitura me fizeram ter a impressao de que ha uma distancia muito grande entre o fazer academico e o fazer pedagogico dentro da sala de saula. O que quero dizer e que, como professor de Escola Publica, venho percebendo como trabalhar a leitura com alunos ou compartilhar um saber teorico com amigos de trabalho tem se tornado cada vez mais dificil. Quanta informacao discutida nesta tese de doutorado que dificilmente chegara as salas de aula. Seria interessante que alunos tivessem, no ato de ler, a opcao de escolha o melhor, que fosse respeitado o lugar do sujeito de leitor e o seu olhar sobre o texto.

    Ricardo Augusto de Souza

    ResponderExcluir
  8. Ler não é apenas decodificar as palavras em seu saber etimológico, ou juntar orações formando frases sem significados para o leitor, mas sim, desenvolver habilidades que o levam a competência leitora, que compreenda a leitura como sendo uma construção histórica das identidades sociais de um grupo.
    Entendo que a leitura é desenvolvida através de práticas colaborativas, ou seja, para que o ensino seja desenvolvido de forma transformadora é preciso que o educador leve o aluno a descobrir, refletir e expor seus pensares, para que assim haja compreensão crítica do mundo (Miriam Zapone).
    As práticas de leitura, muitas vezes presas a um pensamento canônico da aprendizagem, transformam estas em um “massacre” educacional da língua, pois ficam na margem superficial do que é a literatura em seu tecer social, levando os novos leitores a se distanciarem da descoberta do prazer de ler.
    Como cita Zapone, a leitura forma leitores críticos na construção de seus saberes, críticos estes que transformam e retiram a essência das palavras dos livros para vivenciarem em uma realidade social.
    Certa vez em uma aula de literatura na graduação, minha mestra estava ministrando sobre os grandes contos da literatura brasileira. Ela nos mostrava, lia alguns trechos e dizia como poderíamos trabalhar com eles nas aulas. Como eu já havia lido as obras em sua forma tradicional e no gênero em história em quadrinhos, perguntei a professora se poderia apresentar aos meus futuros alunos, além das obras originais, uma nova releitura das obras, versão essa em HQ, ela me disse que não seria adequado, uma vez que os alunos terão que aprender as obras em sua originalidade. Indaguei-a dizendo que certamente teriam que apreciar as obras originais, mas porque não levar outras formas de apreensão da literatura, onde estes poderiam ver o mundo textual que tanto os atrai (histórias em quadrinhos) junto com as histórias literárias apreendidas nas aulas de literatura?!
    Ora, vejo que meditar na compreensão da competência leitora não é apenas uma identificação singular de um determinado grupo social, ou a construção de um conhecimento literário, e mais da historiografia literária com fim de vestibulares, e sim da aprendizagem leitora como um vivenciar da transformação sociointeracionista do saber, trazendo para dentro das salas de aulas as práticas dialógicas, para que dessas haja um reconhecimento cultural e social entre aluno-professor e aluno-aluno, todos-meio..

    Natália Notarnicola Mitherhofer

    ResponderExcluir
  9. O texto lido defende a idéia de que a leitura é um processo que exige não só a decodificação do símbolo como também o entendimento. Ler é uma atividade que depende de leitor para leitor, assim como o tipo de texto e a aneira de se ler. Ler um livro ou ler textos virtuais, assim como outros tipos de leituras, depende muito do leitor. Há leitores que não conseguem compreender o que lêem se não fizerem anotações e comentários para, depois, pensarem novamente sobre o que foi lido. Outros fazem leituras mais dinâmicas, pulando textos, prendendo-se a pequenas informações. Não sei se foi isso realmente o que estava escrito ali, mas eu sou uma pessoa que precisa ler com folhas na mão, assinalar, analisar o assinalado e os comentários para realmente chegar a uma conclusão final

    ResponderExcluir
  10. O texto e pertinente. Mas a leitura é um processo que exige atenção e principalmente entendimento a cerca da informação. Estabelece-se um interação entre o leitor e a obra, pois ler é agregar valores e formar conceitos,que certamente refletirá na vida.
    E assim como minha colega de classe, eu gosto mesmo é de fazer anotações, ler depois de um tempo, analisar, refletir, emitir comentários, viajar pelo universo apresentado.

    Beatriz Cristina Gonçalves

    ResponderExcluir
  11. Apesar de não conseguir ler de forma total os texto creio que absorvi o principal que é o sentido dado à palavra está em quem a "diz" e não na palavra em si e para esse significado ser compreendido de forma plena é necessário que o interlocutor também possua os mesmos conhecimentos que o locutor, e que as palavras vão mudando de significado à medida que o ambiente e as pessoas se transformam, a palavra é viva e como tal também sofre mutações tanto em seu sentido como em sua grafia. Cresce e se amplia como nós, ou melhor, conosco.

    ResponderExcluir